domingo, 22 de fevereiro de 2015

Dificuldades da amamentação

Amamentar é lindo! Um ato de amor. Toda mãe deve amamentar seu bebê.
Isso é o que ouvimos a vida toda.
Ninguém diz o quanto é difícil. O quão bem, feliz e relaxada você deve estar pra conseguir.  Que só metade do ato depende de você, porque a outra parte depende do seu bebê.
Na uti grande parte do tempo, Camila se alimentou através da sonda. Quando chegou no tempo de poder sugar, ainda era muito pequena pra vir ao seio. Foi estimulada para a xuquinha. Só veio pro seio depois de uma semana na xuquinha.  Ela enfim tinha aprendido a sugar. Mas a sugar na xuquinha, que não exige um esforço muito grande.
Enquanto isso, eu ia tirando o leite na bomba para oferecer a ela, seja na sonda ou na xuquinha, ela sempre teve acesso ao meu leite.
Nos primeiros dias, o leite jorrava... eu precisava usar  concha, absorvente para seios porque senão ficava toda molhada, mas como o único estimulo era a bomba a cada dia no hospital eu via a produção diminuir.
Tinha dias que eu só conseguia tirar 10 mls e a Camila mamava 30, 40 mls.
Eu só pensava em como seria em casa, como diria pras pessoas que não amamentava porque não tinha mais leite. Me cobrava em fazer algo pra mudar isso.  Chorava a cada ordenha incompleta. Tirar 40 mls virou a meta da minha vida. Afinal, essa era a única coisa que eu podia fazer pela minha filha e estava falhando.
Todos, minha mãe, enfermeiros, médicos, lactaristas me diziam que o estímulo do bebê faria o leite voltar a descer.
Quando fui avisada que iria começar a oferecer o peito pra Camila, fiquei toda esperançosa... era a luz no fim do túnel. Que nada, Camila não pegava o peito de jeito nenhum.
É isso, eu traria minha filha pra casa, mas não seria capaz de amamentar. Me conformei, pois o que pude fazer, fiz. O quanto deu, ela recebeu meu leite, ainda que eu não tenha amamentado.
Em casa, continuei tirando o leite, em alguns horários eu conseguia,  em outros tinha que complementar. Em todos os horários eu oferecia o seio. Ela não pegava , mas eu não desistia. Choravamos as duas, ela de fome e eu de fracasso.
Até que enfim um dia ela pegou o peito. Isso mesmo, o peito. Ela só mamava no seio direito. O esquerdo ela não pegava, eu acho que o bico é muito grande.
Para que ela mamasse, eu não podia deixá -la com fome, pois irritada ela não  pegava o seio. Eu ficava ligada nos pequenos sinais de fome, aqueles que antecedem ao choro. Quando ela começava a chupar as mãos, abrir muito a boca, eu já oferecia o seio. Apesar de muito choro, conseguia em alguns horários, em outros não. Sempre oferecendo o seio esquerdo primeiro.
Até que conheci o GVA - Grupo Virtual de Amamentação e vi que muitas mães também tem dificuldade para amamentar e que pra quem quer mesmo existem várias técnicas.
Tentei a da pega correta - ela consiste em fazer uma pinça com os dedos pegando o mamilo e a auréola e enfiar na boca do bebê. Isso mesmo, enfiar na boca do bebê.  Eu faço isso e a Camila agora mama nos dois seios e posso alternar nas mamadas.
E sim, é verdade que o bebê sugando faz a produção aumentar. Elas tinham razão.
Agora estamos no leite materno exclusivo e em livre demanda. Chorou é peito.
Amamentar é lindo sim. É um ato de amor e de força de vontade. É persistência.  Porque apesar de parecer, não é fácil. Mas não é impossível.
Nós conseguimos!

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