Desculpem a ausência ontem e o desabafo de agora.
Sempre morei em Realengo, saí de lá há pouco menos de 2 anos, meus familiares ainda moram lá e tenho que admitir que eu saí de lá, mas Realengo nunca saiu de mim. Ao contrário do que se pode pensar, é um bairro tranquilo, residencial em sua maioria, onde as crianças ainda brincam nas ruas.
Mas, o que se dizer do que aconteceu nesta fatídica quinta-feira, dia 07/04/2011, dia que ficará marcado na história deste país e com certeza na memória de todos que têm em especial um carinho por aquele bairro, que antes era famoso por estar presente em uma letra de música e que agora está mundialmente famoso por um massacre desumano de crianças?
Ontem quando marido foi trabalhar, pedi a ele que me levasse para passar o dia na casa da minha mãe, que fica em Realengo, a mais ou menos uns 10 quarteirões da escola.
Estávamos resolvendo problemas com a TV a cabo, ouvindo helicópteros muito próximos, mas achando que pudesse ser uma invasão na favela que fica pelas redondezas, quando às 8:45 da manhã o telefone tocou, era minha tia, com a desesperadora notícia de que havia um pai de aluno atirando e matando todas as crianças dentro de uma escola pública em Realengo, vai anda corre liga a televisão. Tenho um afilhado e uma prima (13 e 11 anos respectivamente), que estudam em uma escola pública de Realengo, desesperada, liguei a televisão e a unica coisa que vi, foi o prédio da escola, como todos são iguais, imaginei o pior. Sem saber maiores detalhes, corri ao computador, e fui pesquisar o nome da escola.
Confesso que senti na hora um alívio indescritível, ao saber que a escola, por mais que fosse próxima, era outra e, também uma sensação desoladora pois, por mais que não seja com os meus parentes, são sim com os meus próximos, com crianças que pertencem ao mesmo bairro que eu.
Passamos a manhã inteira atendendo telefonemas de parentes para saber se aquela era a escola em que nossas crianças estudavam, e sofrendo só de pensar o que os parentes daquelas crianças estavam sentindo naquela hora.
Foi tão triste, ao acompanhar a reportagem, ir vendo rostos conhecidos na tv.
Andar pelas ruas do bairro, era desolador, não havia uma lojinha onde não houvesse uma tv, em todos os lugares o assunto imperava, não era possível pensar em outra coisa.
Até que a tarde foram chegando as notícias piores, sabe a filha da fulana, pois é, é uma das crianças, sabe aquela menina que estudou comigo, também.
Passei o dia muito abalada, grudada na tv, e até agora não consigo traduzir o que estou sentindo.
Que essas crianças estejam no céu, sendo confortadas pelos anjos e no colo de Jesus.
Que Deus derrame suas bençãos sobre estas famílias e sobre todas crianças deste país, pois são elas o nosso futuro.
Desculpem o testamento, mas sinto que precisava muito desabafar.
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